A tôa, atoladas… de boa na lagoa!

 

Desde que iniciei a vida na estrada com minha pequena van, Safira, fui surpreendida com lindos encontros e muitos presentes. Encontrei amigos pelo caminho, fiz novas amizades e ganhei “regalos” todos os dias. Coisas simples mas extremamente importantes, como um pedaço de pizza, um isqueiro para acender minha fogueira, uma garrafa de vinho, cerveja e muita, muita comida.
Eu comecei a viver a tão sonhada vida simples e o universo se abria para essa escolha.
Essa manhã acordei com a maravilhosa vista para a laguna de El Calafate, uma paisagem indescritível. Para poder ter essa linda visão ao despertar, estacionei a Safira na praia. Havia mais 2 carros e uma van, tudo parecia muito normal. Exceto pelo fato de que errei o ponto de estacionar e entrei na areia fofa.
Atolamos, claro.
Três homens que viram a cena se aproximaram, tentaram empurrar… nada.
– Plata, com plata te tiro.
Minha fisionomia, que era de felicidade apesar da situação, imediatamente mudou.
Eu disse à ele que o mundo é uma troca e a resposta foi:
– O meu não, o meu é dinheiro.
– Que triste, respondi.
– Se meu carro quebrar? Tudo é dinheiro.
Amarramos meu carro no dele, então um homem que passava num carro 4X4 viu tudo e em poucos minutos a Safira estava fora da areia.
Os outros ajudaram a empurrar e dei a tal plata tão importante para o homem.

Acredito que nós criamos a nossa realidade com a energia que colocamos nas coisas. Imprevistos sempre podem acontecer, mas eu não estava preocupada com a Safira atolada, de alguma forma ela sairia dali, como facilmente saiu e com a ótima energia do moço que parou para ajudar sem nada pedir em troca.
Quanto ao outro homem? Desejo que ele compreenda que enquanto ele tentar tirar proveito de uma situação dizendo que o carro dele pode quebrar, é porque provavelmente o carro dele vai quebrar, pois essa é a energia que ele coloca no universo dele.

Obviamente eu não iria conseguir explicar à ele a minha forma de enxergar as coisas, mas vi que os amigos dele baixaram a cabeça envergonhados quando eu respondi “Que triste”. Talvez os amigos consigam ajudar essa pessoa… Esse é meu desejo de 2018 para ele.

Por hora sigo acompanhada de um mochileiro da Alemanha que precisa de carona para conhecer o glacial Perito Morena. Uma ótima companhia… Go Safira!