O sumiço da Dona Mamãe

 

Visualizem a situação:
Você deitada na rede, numa relax, numa tranquila, numa boa…
– Filhaaaaa! Filhaaaaa! FilhAAAAAA!
Sua mãe grita por você.
Primeiro pensamento:
“AAAAAAAHHHHHH! Alguém tá morrendo!”
Segundo pensamento:
“Cobra, onça, aranha, escorpião!”
Terceiro pensamento:
“Uma cobra, onça, aranha ou escorpião tá matando alguém!”
Pulo da rede como um ninja, saio correndo de camisola (aquela com estampa de Tuiuiú), descalça, grito pelo Banzé e pelo Shinobi…
Se eles não são o alvo, já penso que preciso de reforços…
– FILHAAAAAA! FIlhaaaaa!
Meu coração na boca, olho pelo quintal e não vejo Dona Mamãe! Só ouço!
“Pronto! Minha mãe que é o alvo! MEODEUSDOCEU!”
Quarto pensamento:
“Uma cobra tá enroscada na mamãe!”
– MÃAAAAAAEEEEE! MANHÊÊÊÊ!
E nada de visualizar.
– Aqui filha! Aqui em cima! Acode!
Amiguinhos, enquanto eu procurava Dona Mamãe, caiu a ficha…
“Como assim aqui EM CIMA?”
Olho pro alto e vejo a minha progenitora trepada no pé de jabuticaba, com uma tapeué cheia de jabuticabas numa mão, com a outra mão cheia de jabuticabas e numa falta total de lógica, ficou sem apoio pra poder descer da árvore.
Paro, e antes de acudí-la, começo a gargalhar.
Cena: eu quase sem ar de tanto rir, grudando na mamãe pelas pernas e descendo ela da árvore, munida de jabuticabas até os dentes.
Nenhuma caiu.
Nem ela, nem eu, nem as jabuticabas.

 

Outras crônicas de Juliana Giraldini:
1400km em 10 passos. Ou Como chegar na casa da mãe em Cáceres.

Fazenda tem moscas. 

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